O atual período chuvoso que vivemos no Brasil ainda está longe de terminar e já deixou sua marca com os trágicos acontecimentos nos estados de Minas Gerais, Bahia, São Paulo e agora Rio de Janeiro. Na terça-feira (15) a cidade de Petrópolis, localizada a norte da cidade do Rio de Janeiro na região serrana, viveu uma enorme tragédia em decorrência das fortes chuvas na região.
De acordo com medições de uma estação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), foram acumulados 259,8 mm de chuva em 24 horas na terça-feira (15), o maior valor registrado em 24 horas na cidade desde 1932! O problema maior foi que esse acumulado não ocorreu de forma distribuída nessas 24 horas, cerca de 250 mm caíram em apenas 3 horas!
Imagem do Sentinel mostra um pouco da dimensão do desastre. Inúmeros pontos de deslizamentos https://t.co/29I3iFcELJ
— Rodrigo Sampaio, usem PFF2 (@Rodrjgw) February 17, 2022
Esse grande volume de chuvas em poucas horas acarretou em centenas de deslizamentos de terra que destruíram muitas casas, enxurradas violentas pelas ruas da cidade, além de grandes alagamentos. Até a noite de ontem, 117 mortes haviam sido confirmadas, 116 pessoas continuam desaparecidas, 24 foram resgatadas com vida e 849 pessoas estão desabrigadas.
Um cavado em médios níveis da atmosfera - região de pressão atmosférica mais baixa e com ventos com ondulação no sentido horário - deu e para a formação das instabilidades sobre o estado do Rio de Janeiro na terça. Essas instabilidades foram potencializadas pela convergência dos ventos vindos do oceano com aqueles vindos do interior. Essa convergência foi ainda mais intensa sobre a região serrana, devido ao efeito orográfico, o que resultou nas chuvas tão volumosas.
PETRÓPOLIS EM ALERTA! 14 sirenes foram acionadas por conta da chuva que atinge a cidade neste momento. A Defesa Civil também enviou SMS informando a população sobre a previsão de pancadas entre hoje e sábado #BandRio #Petrópolis #Chuvas pic.twitter.com/qhtJhAAn8v
— Band Rio (@BandRio) February 17, 2022
Nesta quinta-feira (17) a cidade registrou mais chuva forte, algumas estações do Cemaden na cidade registraram acumulados de aproximadamente 50 mm em apenas uma hora no final da tarde. O Cemaden elevou de ‘alto’ para ‘muito alto’ o alerta para risco de deslizamentos de terra em Petrópolis na tarde desta quinta-feira.
A Defesa Civil de Petrópolis acionou 14 sirenes para alertar a população na tarde desta quinta, alertas também foram enviados por SMS e por outros meios de comunicação. Alguns moradores fizeram registros de novos deslizamentos nas encostas dos morros, além de novos alagamentos e enxurradas nas ruas da cidade.
A agem deste cavado em médios níveis da atmosfera contribuiu para a organização do corredor de umidade vindo da Amazônia sobre o Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, formando mais uma Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Com o estabelecimento da ZCAS, as chuvas continuarão volumosas sobre a região Sudeste nesse final de semana, principalmente entre os estados de Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais.
Todo o estado do Rio de Janeiro estará suscetível a pancadas de chuvas de intensidade moderada a forte entre essa sexta-feira e domingo (20), principalmente durante o período da tarde. Os maiores acumulados deverão ocorrer no norte do estado e próximo a divisa com Minas Gerais.
#Alerta continua para região serrana do #RiodeJaneiro!
— Paola Bueno (@PaolaGBueno) February 18, 2022
Entre hoje e domingo são esperados acumulados de 50 a 70 mm na região devido atuação de uma nova ZCAS. Com o solo encharcado, o risco é alto para novos deslizamentos e enxurradas!
Mapa de previsão: https://t.co/jXU4vmOZNA pic.twitter.com/IoraIa3TCT
A região serrana fluminense também deverá receber acumulados entre 50 a 75 mm nos próximos 3 dias, de acordo com o modelo ECMWF. O modelo europeu estima um acumulado de 54 mm entre hoje e domingo na cidade de Petrópolis, sendo que o maior acumulado, de 24 mm, está previsto para hoje, que deverá ser mais um dia chuvoso na cidade. Mesmo o acumulado previsto sendo pequeno comparado ao registrado na terça, o perigo e alerta permanecem altos, já que o solo na região está encharcado e suscetível a novos deslizamentos.