O Intergovernmental on Climate Change (IPCC) constatou em seu AR6 que, entre 2002 e 2019, houve uma tendência de aquecimento em todas as latitudes, com exceção dos polos, sendo mais acelerado nas regiões tropicais.
Estudos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revelam que nas últimas quatro décadas o número de períodos secos tem aumentado em grande parte do Brasil, em particular nas regiões Centro-Oeste, Nordeste, sudeste da Amazônia e no Sudeste, ressaltando a vulnerabilidade do país aos extremos climáticos.
A partir da análise dos extremos de temperatura máxima, o estudo avaliou o índice de ondas de calor (WSDI) no país. Observou-se um aumento gradual das anomalias de WSDI com o ar das décadas, para praticamente todo o território brasileiro. No período de referência (1961-1990), o número de dias com ondas de calor não ava de sete. Esse número subiu para 20 dias de 1991 a 2000, para 40 dias, de 2001 a 2010, e para cerca de 52 dias, de 2011 a 2020.
Ao longo dos anos, verificou-se uma tendência de ampliação das áreas afetadas por queimadas no país, relacionada tanto ao aumento das temperaturas e às mudanças climáticas quanto às ações humanas, já que a maior parte dos incêndios é causada por atividades antrópicas. A destruição da vegetação natural pode impactar, de forma direta e indireta, os processos de troca de CO2 entre a biosfera e a atmosfera, intensificando a concentração de gases de efeito estufa (GEE).
Ao mesmo tempo, o excesso de umidade gerado favorece chuvas mais intensas e concentradas em curto período nas regiões e estações úmidas. O Nordeste, Amazônia e Centro-Oeste enfrentam secas mais longas e mais incêndios, enquanto o Sul e Sudeste, especialmente nas cidades, têm chuvas fortes, causando enchentes e deslizamentos.
Considerando um aumento de 2°C na temperatura média global, o país poderá sofrer redução da precipitação anual total, a despeito do aumento de tempestades e de uma probabilidade até quatro vezes maior de ocorrerem secas severas em diversas regiões do país.
Projeta-se que esse grau de aquecimento global até 2050 resulte em uma queda considerável no fluxo dos principais rios da bacia amazônica, dificultando o o à água e alimentos para as populações locais, com um impacto substancial na sobrevivência das comunidades.
Os eventos extremos de precipitação, que causam enxurradas e deslizamentos, tendem a aumentar em intensidade e frequência. Eles representam uma ameaça à vida e à infraestrutura. Um aumento de 1,5°C na temperatura média pode elevar entre 100% e 200% o número de pessoas afetadas por enxurradas no Brasil.